Muito boa essa edição, Thiago. Pra mim fica cada vez mais claro que todas as regras de escrita servem principalmente para o escritor iniciante. É mais fácil de sair do outro lado se seguir o manualzinho, sejam os 12 passos pro herói ou evitar adjetivos e advérbios.
Mas a Literatura também pode funcionar quando conseguimos evitar essas regras e ainda assim fazer dar certo. E pra isso não tem muito manual. É prática e leitura consciente.
O lance da "regra" pra mim é muito o famoso conhecer pra quebrar. No fim acho que o bem fazer é ter intencionalidade no que se faz, a consciência que você disse.
como sempre, texto incrível. sempre fico sem palavras p elogiar pq vc escreve DEMAIS!
esse papo me fez lembrar de uma fofoca "escrita", digamos assim.
eu tive uma professora de antropologia que dizia que a disciplina é feita pela fofoca. bem, se vc pensar na etnografia, faz bastante sentido. uma história que ela amava contar era como uma fofoca mudou todos os parâmetros da antropologia como ciência.
o Malinowski, um antropólogo bem importante publicou o livro Argonautas do Pacífico Ocidental (1922), contando sobre sua experiência com os nativos de Nova Guiné. até ai tudo lindo, tudo maravilhoso, um trabalho incrível e revolucionário para a época que "aproximava" a europa da áfrica. até que, após a morte de Malinowski, sua viúva encontrou alguns de seus diários, inclusive os que ele relatava sobre essa experiência e os publicou. seria o diário a fofoca escrita? acho que sim, e é a esse ponto que minha prof sempre se referia. acontece que nos diários malinowski tinha uma visão totalmente diferente sobre os nativos daquela que ele expressara no livro: relatava incômodos com os costumes do povo e até fazia observações lascivas sobre o corpo das mulheres. esse acontecimento mostrou, basicamente, que nem tudo são flores e que a antropólogo é atravessado pelo que estuda; é impossível desconsiderar suas próprias impressões e sensações a fim de escrever um trabalho "neutro". e assim chegamos a antropologia que conhecemos hoje. porque a viúva publicou os diários, eu não sei, talvez apenas uma fofoca fosse capaz de esclarecer, só sei que essa é uma história das boas.
E pensando aqui sobre essa fofoca antropológica.... a nossa autocuradoria nas redes sociais não é um pouco isso? Tem tanta coisa que a gente deixa de mostrar/falar/escrever mas que expressamos fora das redes!
E interessante também desmistificar o cientista como anjo de luz celestial, e que muito pelo contrário são pessoas até bem falhas.
De “fofoca póstuma” assim que me lembro tem a correspondência do supervisor de Rosalind Franklin, a maior responsável por sabermos que o DNA é uma dupla hélice de que acabou sendo invisibilizada (graças a esse cara).
Que edição mais delícia!!! Me fez pensar na Literatura africana, que a meu ver conversa muito com a nossa no quesito contar uma história com mais riqueza de detalhes. Eu, como boa brasileira filha de quem ama contar uma história sem pressa, amo ❤️
Eu preciso ler mais literatura africana, o pouco que li eu curti bastante e realmente tem o lance de ir entremeando os detalhes sem necessariamente o utilitarismo do que avança ou não avança a trama...
Muito boa essa edição, Thiago. Pra mim fica cada vez mais claro que todas as regras de escrita servem principalmente para o escritor iniciante. É mais fácil de sair do outro lado se seguir o manualzinho, sejam os 12 passos pro herói ou evitar adjetivos e advérbios.
Mas a Literatura também pode funcionar quando conseguimos evitar essas regras e ainda assim fazer dar certo. E pra isso não tem muito manual. É prática e leitura consciente.
O lance da "regra" pra mim é muito o famoso conhecer pra quebrar. No fim acho que o bem fazer é ter intencionalidade no que se faz, a consciência que você disse.
Adoreiiii! Tô lendo basicamente uma enorme auto fofoca que é 'só garotos' da Patti Smith. 💗
Parece interessante, e com um café e uma fatia de bolo então... Obrigado pela leitura!
como sempre, texto incrível. sempre fico sem palavras p elogiar pq vc escreve DEMAIS!
esse papo me fez lembrar de uma fofoca "escrita", digamos assim.
eu tive uma professora de antropologia que dizia que a disciplina é feita pela fofoca. bem, se vc pensar na etnografia, faz bastante sentido. uma história que ela amava contar era como uma fofoca mudou todos os parâmetros da antropologia como ciência.
o Malinowski, um antropólogo bem importante publicou o livro Argonautas do Pacífico Ocidental (1922), contando sobre sua experiência com os nativos de Nova Guiné. até ai tudo lindo, tudo maravilhoso, um trabalho incrível e revolucionário para a época que "aproximava" a europa da áfrica. até que, após a morte de Malinowski, sua viúva encontrou alguns de seus diários, inclusive os que ele relatava sobre essa experiência e os publicou. seria o diário a fofoca escrita? acho que sim, e é a esse ponto que minha prof sempre se referia. acontece que nos diários malinowski tinha uma visão totalmente diferente sobre os nativos daquela que ele expressara no livro: relatava incômodos com os costumes do povo e até fazia observações lascivas sobre o corpo das mulheres. esse acontecimento mostrou, basicamente, que nem tudo são flores e que a antropólogo é atravessado pelo que estuda; é impossível desconsiderar suas próprias impressões e sensações a fim de escrever um trabalho "neutro". e assim chegamos a antropologia que conhecemos hoje. porque a viúva publicou os diários, eu não sei, talvez apenas uma fofoca fosse capaz de esclarecer, só sei que essa é uma história das boas.
Obrigado!!!
E pensando aqui sobre essa fofoca antropológica.... a nossa autocuradoria nas redes sociais não é um pouco isso? Tem tanta coisa que a gente deixa de mostrar/falar/escrever mas que expressamos fora das redes!
E interessante também desmistificar o cientista como anjo de luz celestial, e que muito pelo contrário são pessoas até bem falhas.
De “fofoca póstuma” assim que me lembro tem a correspondência do supervisor de Rosalind Franklin, a maior responsável por sabermos que o DNA é uma dupla hélice de que acabou sendo invisibilizada (graças a esse cara).
Que delícia de edição, Thi! Tal qual uma boa fofoca, me edificou.
Isso é o que importa, aquela edificada de leve! :D Obrigado!
Que edição mais delícia!!! Me fez pensar na Literatura africana, que a meu ver conversa muito com a nossa no quesito contar uma história com mais riqueza de detalhes. Eu, como boa brasileira filha de quem ama contar uma história sem pressa, amo ❤️
Eu preciso ler mais literatura africana, o pouco que li eu curti bastante e realmente tem o lance de ir entremeando os detalhes sem necessariamente o utilitarismo do que avança ou não avança a trama...
obrigado pela leitura!