Mercúrio em Peixes

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Interdisciplinaridade e conexões

Mercúrio em Peixes #011

Thiago Ambrósio Lage
Feb 17, 2022
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Topo de página da newsletter. Em um fundo roxo está escrito Mercúrio em Peixes numa tipografia com traços ao redor das letras e em azul-claro e ciano-escuro para simular metal. Abaixo de Mercúrio em Peixes há o subtítulo "reflexos num espelho líquido" em letras azul-claras mas em tipografia mais simples e tamanho menor.

Tava com a cabeça cheia de coisa essa semana, pensando mil e uma coisas pra escrever aqui, mas um tuíte acabou chamando a minha antenção e veio pro primeiro plano.

@DiogoCortiz

É mais fácil ter síndrome do impostor quando se é interdisciplinar.

Afinal, a gente acaba se comparando com especialistas que aprofundam em um determinado assunto.

Precisamos aprender que nosso valor é diferente. Está nas conexões que somos capazes de fazer.

5:49 PM - 14 Feb 2022

Vou nem falar de síndrome do impostor (pelo menos não hoje, não ainda), mas uma coisa me despertou e acho que tem muito a ver com Mercúrio em Peixes. Interdisciplinaridade.

Tudo começa com Generalista versus Especialista. Debate antigo, especialmente na academia.

Com o risco de cometer imprecisões históricas, ouso dizer que na antiguidade o bom era saber de tudo e as fronteiras entre campos do conhecimento eram pouco nítidas. Adiantando o relógio dos séculos, vamos até o surgimento das universidades e depois Iluminismo e afins até culminarmos nos tempos modernos. Tempos industriais, pós-industriais e tecnocráticos em que temos muito conhecimento pra pouca cabeça. Temos instrumentos cuja precisão vai além do que jamais sonhamos e profissões cada vez mais afuniladas, especializadas.

Nesse mundo de detalhes eu sempre me senti meio generalista, o que prefere ver a floresta às árvores. O que pinta o conhecimento a largas pinceladas. O que aceita a imprecisão que a amplitude traz. No meu mapa astral eu tenho Mercúrio em Peixes, e este é um dos motivos do título. O planeta do detalhe no signo do imenso imponderável. Um planeta em exílio vivendo seu horror cósmico pessoal. Ou o que cita Kid Abelha nos versos “sei de quase tudo um pouco, e quase tudo mal”.

Na faculdade, escolhi um curso vasto: queria manter o leque aberto. Cursei Engenharia de Alimentos. “Se eu quiser ser professor, ainda posso fazer mestrado depois”. Dito e feito. Um passo sólido rumo à especialização. Tecnologia de bebidas. Cachaça. Análise sensorial. Mas… lado a lado com a estatística, psicofísica, a história e cultura da bebida. Especialista, pero no mucho.

No inevitável doutorado, mudança de área. Biotecnologia industrial. Biorrefinarias, etanol de segunda geração e toda a microbiologia que tentei evitar em outros momentos de minha formação. Pensar em metabolismo, sem perder de vista as questões ambientais. Um olho na árvore, o outro em outra árvore, a mão tocando em mais uma árvore, o aroma de uma quarta árvore em minhas narinas, o som do vento nas folhas de outras tantas árvores.

Um insight: nem especialista, nem generalista. Nem árvore, nem floresta. Mas tudo que há entre isso. Júpiter em Virgem, literalmente oposto a Mercúrio em Peixes no meu mapa. Aqui, o planeta grande e presunçoso se perde num labirinto de minúcias. Cabo de guerra vira cabo de conexão, me entendi interdisciplinar. Nem especialista, nem generalista. Conectivista?

Depois ainda veio a escrita, que tento manter estancada em um pseudônimo e contas separadas. Mas nada mais clichê que um cientista que escreve ficção científica. E uma forte sensação e existir entre os espaços. Ter como companheiro o gato de Schrödinger e me mostrar diferente a cada vez que abro a minha própria caixa.

Este tuíte me levou para este lugar numa semana em que me preparo para participar de uma convenção de ficção científica. Estarei em cinco mesas falando sobre mitigação de alterações climáticas, cientistas que escrevem ficção científica, cogumelos, misticismo e ficção científica e amor e sexo com robôs. Tentar me preparar para falar de temas tão diversos me deixou ansioso (olá síndrome do impostor!). E ler o tuíte lá de cima foi como um abraço. Pouco a pouco o impostor perde espaço e a ansiedade vira apenas expectativa. Talvez exatamente por não ser especialista eu possa contribuir com minhas conexões, sendo pontes num mundo de campos e torres.

Abraços ictiomercuriais,

Thiago Ambrósio Lage (@thamblage)

PS.:

  • A convenção de que participarei é a Boskone 59. Ela será em Boston e minha participação é virtual. A programação é em inglês e disponível via inscrição paga, mas pelo que entendi a primeira mesa de que participo (na sexta 18, às 14 horas) é aberta.

  • Essa semana foi dia de São Valentim e fiz um fio no twitter com minhas publicações românticas. Se curte histórias de/com amor, dê um pulo lá!

separador com o logo da newsletter (as letras Hg estilizadas) repetido 3 vezes, a primeira em vermelho-escuro, a segunda em amarelo-escuro e a terceria em ciano-escuro. Hg é o símbolo do elemento mercúrio, e no desenho estilizado ele parece ser formado por desenhos de peixes.

Obrigado pela leitura!
Se gostou da newsletter, pode querer conferir o que tenho produzido como escritor em meu site, e como podcaster no Incêndio na Escrivaninha, junto das escritoras Ana Rüsche e Vanessa Guedes. E leiam as obras da Plutão Livros! Ou pode querer apenas me seguir nas redes twitter, instagram e facebook e ficar por dentro de minhas bobagens e novidades.

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