Alô, alô, voltando das férias! De férias do trabalho, aproveitei pra tirar folga de tudo, daqui inclusive. Agora estou de volta, ano novo, vida velha. “Mudaram as estações, nada mudou”. Nada mesmo? Se muda o ano civil, pelo menos a agenda muda.
Ou planner. E eu em busca do meu. Da minha agenda. Não milito contra anglicismos, mas quando já temos uma palavra, pra que importar outra? (Sim, tigela e cumbuca, jamais as abandonarei em favor do bowl — que nem sei pronunciar). Nessas discussões da vida cheguei a ouvir que planner é semanal, agenda é diário. Planner é permanente, agenda é datada. Isso pra nem entrar no campo minado — e lindamente decorado com letterings, doodles e washi tapes — dos bullet journals, que tentei usar em 2018 e 2019 com sucesso parcial e anglicismos completos.
Em novembro mesmo eu achei a minha agenda. Semanal, capa dura, com dias verticais, horários e espaço para anotações. E mood tracker. Ou em bom portugês uma tabelinha de humor. Sempre quis usar isso, mas nunca levei a sério e morria de preguiça de montar no bujo. Ano novo e pelo menos algo de vida nova. Bora lá. Mas quais cores usar para quais emoções e humores?
Logo de cara pensei no trabalho de Paul Ekman com as seis expressões faciais (e emoções) universais: raiva, medo, tristeza, alegria, nojo e surpresa. Qualquer semelhança com os divertidamentes do filme não é mera coincidência. Descobri lendo umas coisas para a newsletter que mais tarde ele adicionou o desprezo à lista. E mais tarde outras tantas emoções, mas agora é tarde demais e nem sei se tenho tanto lápis de cor pra isso.
Lista emoções e lápis em mãos, foi só fazer a correspondência seguindo a lógica e o esquema de cores do filme mesmo, já que surpresa não seria um humor pra marcar um dia inteiro:
vermelho: raiva;
amarelo: alegria, felicidade;
verde: nojo (que prefiro chamar de aversão), tédio;
azul: tristeza;
roxo: medo (e por similaridade, ansiedade).
Terminando eu pensei logo em duas coisas: primeiramente, o laranja seria o quê? Segundamente, só uma emoção positiva?
Este segundamente quase me jogou no azul ou no roxo. Pensei em outras emoções positivas: felicidade, contentamento, satisfação, … mas tudo parecia caber no guarda-chuvas da alegria. Lembrei do filme novamente, em como a alegria poderia ser tóxica e autocentrada. A positividade tóxica foi denunciada antes de ser modinha. Também fico me perguntando em porque o que incomoda parece ter dado origem a um vocabulário tão mais vasto?
Poucos dias depois li o livro O homem que não transbordava, de Waldson Souza. Nele há devoradores que se alimentam de emoções humanas. Não me apedrejem: isto está na sinopse da Amazon! E na sinopse são citadas medo e ódio. No livro são citadas outras, mas novamente apenas uma positiva, amor. Claro que fiquei reflexivo por dias (inclusive por causa do livro que é muito bom) e não cheguei a conclusão alguma. Por hora fica só o amarelo para simbolizar a alegria, felicidade e mais tudo que há de bom.
Teve alguns dias em que todas as cores falharam. Preenchi com turquesa. Um humor que tive e para o qual ainda não tenho nome. Talvez tenha sido um dia entre a aversão e a tristeza. Eu tenho gostado cada vez mais dessa cor, mas felizmente este humor ainda sem nome não tem me visitado muito.
E o laranja? Bem… ficou sem nada na frente por hora. Talvez eu encontre alguma outra emoção positiva para atrelar a ele. Disseram para eu colocar gratidão. Talvez coloque surpresa ou desprezo? Estou aberto a sugestões!
Abraços ictiomercuriais,
Thiago Ambrósio Lage (@thamblage)
P.S.
Em dezembro saiu conto meu na revista Maçã do Amor, na edição Luzes de Natal. É um romance maroto embalado pelo sabor de uma bebida típica alemã, o Glüwein.
Em janeiro saiu conto meu na revista Égua Literária, na edição Toca as marcantes, maninha! É uma história cheia de música e um encontro numa ilha no rio Araguaia, bem entre o Pará e o Tocantins.
Agora em fevereiro estarei participando virtualmente de algumas mesas na Boskone 59, uma convenção de ficção científica. O evento é pago e em inglês, mas a primeira mesa de que participarei será aberta. Mais informações na próxima edição da Mercúrio em Peixes.
Dia 08/02 é meu aniversário. Já odiei muito essa data, mas de uns anos pra cá tenho aprendido a curtir. Se me vir por aí no mundo digital, aceito um abraço de pixels! É o jeito enquanto ainda não rolam os de carne, osso, aperto e calor humano.
Obrigado pela leitura!
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